ESPECIALIDADES DO SETOR DOS VIDEOJOGOS

EM PORTUGAL

São diversas as especialidades que contribuem para o desenvolvimento de um videojogo, quer seja na área do entretenimento, quer seja na vertente “serious” :

A Programação e as Artes para o desenvolvimento dos jogos digitais são duas das mais importantes áreas que entre si permitem a criação de novos jogos e novas aplicações cada vez mais especializadas, recorrendo a técnicas cada vez mais sofisticadas, acompanhando as tendências internacionais do setor e da exigência dos consumidores nesta área.  Na necessidade contínua da especialização e da profissionalização deste sector, surgem novas áreas que permitem a sua viabilização e concretização: A Gestão de Projetos, onde se inscreve a narrativa do seu plano de negócios e de investimento e de Novas oportunidades de Carreiras, onde se pode destacar a vertente da prática do desporto eletrónico – eSports e da sua crescente visibilidade junto das camadas mais jovens.

Torna-se urgente olhar para este segmento da indústria cultural e criativa e torná-lo cada vez mais rentável pela sua múltipla aplicabilidade, quer seja nas áreas do entretenimento, cultura, social, ensino, saúde ou prática desportiva. Estamos na era da gamificação, uma linguagem universal que não tem fronteiras ou limites para o seu contínuo crescimento. A neurociência e a gamificação exploram atualmente novas diretrizes para a sua consolidação, que ultrapassam os limites físicos do ser humano. A gamificação é um espaço ilimitado para a vivência do ser humano, conjugando os seus múltiplos interesses e áreas de intervenção.

O Digital Valley pretende ser um espaço de partilha de informação e de Skills, acessível a toda a rede de parceiros, potenciando o contato entre os diversos setores, numa perspetiva de cooperação ou de realização de novos projetos, numa primeira instância a nível nacional e numa segunda fase, a nível internacional. A consolidação do cluster nacional de Videojogos visa a consolidação interna assente numa política de estabilidade e de crescimento, fomentando o aparecimento de novos projetos “Indies” e de novas empresas, apoiadas pela rede de parceiros que integram o Digital Valley, as Associações do Sector, os Órgãos Governamentais, as entidades desportivas e o crescente interesse pelo desporto eletrónico de modalidades clássicas.

Juntar a indústria – profissionais, empresas da área do Gaming e Entertainmente e a Academia -  para consolidar um cluster especializado com múltiplas vantagens para o setor e para a produção nacional, criando incentivos fiscais para o setor e aproximando-a dos mercados internacionais e dos investidores.

INVESTIGAÇÃO

EM VIDEOJOGOS E ENTRETENIMENTO

A evolução das técnicas, das linguagens e da criatividade na criação de projetos nas áreas dos jogos digitais e de entretenimento assentam na evolução tecnológica e na aproximação às grandes empresas e aos centros de produção do saber, que apostam nas áreas da investigação e desenvolvimento, permitindo verdadeiros saltos e avanços tecnológicos que fazem desta área um universo de verdadeiras realidades alternativas cada vez mais especializadas.

O Digital Valley possibilita a aproximação aos centros de desenvolvimento de saber especializado, quer nacionais, quer internacionais, quer ao nível da academia que determina grande parte da investigação em Portugal, quer ao nível da indústria do setor, aproximando a indústria da academia e levando os formandos destas áreas a ser envolvidos desde o início em projetos que permitam o seu desenvolvimento, acompanhados de docentes especializados nas diversas áreas e dos profissionais que gerem os projetos do lado da indústria.

Esta pretende ser uma parceria que ajude os profissionais e os alunos em formação a integrar a inovação em Portugal e a participar desde o início da formação académica em projetos no setor. A aprendizagem e a partilha dos saberes nesta área complementam-se com os conhecimentos absorvidos em contexto de sala de aula e na aplicabilidade prática ao setor – uma sinergia win-win para ambos, indústria e academia. Em Portugal a oferta formativa nesta área dos Videojogos, encontra-se em franco desenvolvimento, com o aparecimento de centros de formação não conferentes de grau, com várias instituições de ensino superior a oferecer Cursos Técnicos Superiores, com Licenciaturas, Pós Graduações, Mestrados e Doutoramentos, elevando a investigação e o desenvolvimento de novas linhas de algoritmos e de soluções qua acompanham a evolução universal da tecnologia e das artes nos videojogos.  Portugal inicia uma nova era na formação em videojogos, na perspetiva de tornar este setor cada vez mais científico, avançado e competitivo. A indústria dos Videojogos são a confluência das artes, da cultura e da ciência computacional ao serviço do mundo da gamificação.

PROGRAMAÇÃO

DE VIDEOJOGOS

As empresas nacionais que se especializam nesta área, permitem que a ideia seja concretizada, tornando o plano de jogo numa realidade visível. Sendo a base do desenvolvimento e da materialização do jogo digital, é o início do efetivo processo de produção, incluindo os elementos de multimédia e a sua incorporação na plataforma de desenvolvimento e a total integração de todos os elementos que o compõem. A aliança entre todos os elementos criativos e a linguagem que materializa a realidade do jogo, adaptado a todas às plataformas e aos dispositivos onde ficará acessível, servindo as diversas áreas, de acordo com o objetivo do jogo – entretenimento; educação, etc.

Todo o enrede de programação de um jogo exige conhecimentos das mais diversas áreas, obrigando à constituição de uma equipa multidisciplinar com conhecimentos nas mais diversas áreas, tais como:

Matemática e física: Calcular tempos de vida e campos de visão; trajetórias de colisão, conhecimentos imprescindíveis em jogos de inteligência artificial, que há necessidade de procurar soluções, tomada de decisões, numa tentativa de atribuir “comportamentos humanos” ao computador. A componente de computação gráfica e o domínio das APIs Gráficas – conceitos de cores, texturas, organização dos elementos no ecrã, iluminação; som, etc. Redes e sistemas assumem uma importância bastante elevada com a necessidade de jogos cada vez mais massivos e com multijogadores. A otimização da memória do Jogo é fundamental para o tornar cada vez mais rápido, não deixando de ser rápido e de ser inovador na inclusão de multifunções, que enriquecem todo o potencial do jogo digital. A linguagem de programação compõe uma fase muito importante da programação, sendo o motor que coloca toda a engrenagem do jogo em funcionamento, sendo diversas as linguagens em uso atualmente, dependendo do perfil de jogo em desenvolvimento e dos objetivos.

ESCRITA CRIATIVA

PARA VIDEOJOGOS

Esta disciplina é uma especialização gradual de escritores e de contadores de histórias que se destacam nesta área da escrita criativa para jogos digitais, com conhecimentos cada vez mais profundos das dinâmicas dos diversos tipos de histórias e das técnicas que tornam um jogo digital apelativo e adequado aos seu público-alvo.

Esta é a construção de todo o ritmo da história e dos elementos que o tornam distintivo no mercado de atuação. Em Portugal existem profissionais qualificados que se especializaram nesta área e que oferecem um trabalho completo, diferenciador e com uma forte capacidade de resposta para fazer de um enredo/tema uma aventura envolvente e uma experiência muito intensa para o jogador.

A história fundamental do Jogo, que o distingue de todos os outros, a sua génese e o objetivo do enredo, a sua contextualização, as linguagens a utilizar e os seus estilos, a sua transformação – criação de personagens, ordenação de sequências, laboratórios de imagens, determinação de clímax´s; determinar as diversas dimensões dos discursos/ações de cada personagem e a sua interligação (diálogos, voz, sintaxe, ritmo e tempos de diálogos; Cronologias, figuras de estilo adequadas aos personagens e ao teor da história, capítulos, fases da personagem e da graduação do objetivo do jogo/história e finalidades, enquadramentos consecutivos.

Todo trabalho permite a criação de uma narrativa minimamente complexa, partindo de pressupostos pré-definidos pela equipa criativa, que em conjunto define pressupostos e orientações diversas, que são implementadas e que fazem deste percurso o caminho para um jogo único e uma história apelativa para o mercado dos jogadores.

DESIGN/PROTOTIPAGEM

DE VIDEOJOGOS

Esta é uma das etapas mais fundamentais e importantes para testar os conceitos dos jogos digitais, antes da sua implementação final, sendo de extrema relevância a determinação de um foco/objetivo, permitindo selecionar qual a ferramenta mais correta para ser aplicada ao jogo, dependendo da sua situação e do ciclo de vida do projeto.

Em Portugal existe já uma capacidade instalada de profissionais que se especializaram nesta área, sendo fundamental a sua experiência para testar componentes, interações e melhores ferramentas, que em muito contribuirão para o cumprimento dos objetivos daquilo que será o entendimento e aceitação do jogo final pelo público final.

Esta especialização corresponde à realização do “concreto”, testando o que é proposto para o Jogo Digital e para o design que irá ser utilizado, permitindo a sua avaliação em termos de design do jogo – validação da dificuldade proposta pela inteligência artificial; validar o interface gráfico e a sua perceção pelo jogador; perceber se a ergonomia do tipo de comandos que o jogo disponibiliza é o mais correto; protótipo do jogo para pré-apresentações aos mercados investidores; validar animações a aplicar, evitando voltar a desenvolver novas componentes para o jogo. A preocupação é a validação do interesse e da sua dinâmica e se tudo isto é percetível para o futuro jogador, envolvendo-os nos testes a desenvolver.

  • Aplicação de Protótipo Rápido: desenvolvimento de novos projetos, avaliando o protótipo, eliminando-o e partindo para a produção de outro projeto e respetivo protótipo;
  • Aplicação de Protótipo Reutilizável: parte do protótipo pode ser reutilizado para o projeto final;
  • Aplicação de Protótipo Modular: adicionam-se novos componentes adaptando-os ao ciclo de desenvolvimento em que o jogo se encontra;
  • Aplicação de Protótipo Horizontal: usado muitas das vezes para verificações de interfaces, validando determinadas informações, mesmo que não funcionem;
  • Aplicação de Protótipo Vertical: incide em apenas uma das funcionalidades, em que o seu funcionamento é considerado o correto;
  • Aplicação de Protótipo de Baixa Fidelidade: é um teste de muito baixo custo, utilizando apenas papel e caneta, em que o objetivo é imitar a respetiva funcionalidade do produto;
  • Aplicação de Protótipo de Alta Fidelidade: este é um protótipo que se assemelha muito ao produto final.

Fonte: Breyer, F. B.; Credidio; D.; Neves, A. Prototipagem rápida para avaliação do Design do Jogo.

MODELAÇÃO 3D

PARA VIDEOJOGOS

Esta especialidade é a materialização visual do videojogo, a representatividade da realidade numa dimensão 3D. Este é um processo altamente visual para o jogador final. Numa primeira fase ocorre a construção tridimensional de acordo com o projeto, terminando com a geração efetiva das imagens. As técnicas de modelagem 3D permitem a construção de personagens sofisticados, cenários cheios de detalhes e muito próximos da realidade, criando cenários reais e envolventes das personagens e a transmissão de conceito real para os jogadores.  Muito sucintamente, a modelação 3D permite a criação de um determinado objeto com 3 dimensões, através de determinados programas, simulando objetos, cenários e personagens em cenas que poderá ser também elas animadas ou até estáticas.

O processo de modelação inicia-se com a conceção dos elementos – qual o estilo da imagem a criar, se a cena a desenvolver é dinâmica ou estática, listando todos os elementos que entrarão no processo de modelação (composição, estilo, aspeto, a cor, textura, etc.) Esta fase é construída através de desenhos, Storyboard e determinadas as referências e a sua respetiva descrição, permitindo e facilitando a realização do 3D. A modelação é a fase seguinte, utilizando os softwares específicos e de acordo com os objetivos previamente definidos. A criatividade impera também neste processo. O rendering é a técnica que permite nesta fase criar a imagem final sob a forma como o jogador a vê, sendo nesta fase em que a iluminação é igualmente definida. No caso das cenas 3D para os jogos o rendering é realizado em tempo real – desde a simulação da luz, sombras e texturas que são criadas em tempo real, na sequência do desenvolvimento do jogo. A pós-produção, no caso de imagens estáticas permite o melhoramento de cores ou estilos através de vários programas e o mesmo se assemelha no caso das animações, em que são inseridas outras cenas ou até alteradas na sua composição, através de programas usados para o efeito.

EDIÇÃO DE SOM

PARA VIDEOJOGOS

Tornou-se a essência de cada jogo digital, quase uma marca que acompanha a história, as personagens e que determina a intensidade das cenas vividas em cenário de jogo. Músicas conhecidos emprestam os seus hits e talentos para legendar musicalmente a vida de cada personagem e o enredo das mesmas. Diversos géneros musicais, originais ou misturas, revivalismos ou remix, todos são usados para criar a identidade sonora das realidades dos jogos digitais. Estúdios de edição e de som, especializam-se nas técnicas mais avançadas da sonorização e adequam os estilos musicais aos tipos de jogo, aplicando-as às 3 fases captação, edição e mix.

A sofisticação dos programas já disponíveis no mercado, permitem tratar esta área com grande especialização e profissionalismo, desde a captação de sons, criação de sons como a sua adaptação ao tema do jogo digital.

ILUMINAÇÃO

EM VIDEOJOGOS

Atualmente defendida como a vida das imagens, elevando o realismo com base na fotografia, o fotorrealismo dos videojogos é assumido como um fator determinante para a dinâmica da imagem. Existem atualmente novas tecnologias ray tracing – método de renderização de gráficos que simula, o mundo real de forma realística e imersiva, permitindo o comportamento físico da luz que melhoram os reflexos, a iluminação e as sombras. Sendo a subtileza da iluminação o fator diferenciador na qualidade e realismo da imagem. Os videojogos tendem a assumir gráficos baseados em realismo, que representam as formas do mundo real e que contribuem para a perceção mais exata da narrativa. A luz pode ser entendida como parte de um conjunto de elementos desenvolvidos para facilitar a imersão do jogador naquela experiência. Neste sentido, pode ser um elemento-chave no caso de géneros ação–aventura.

Com a transição para um modelo de jogos 3D, sobretudo nos jogos voltados para computadores e consolas, ampliou-se a gama de possibilidades técnicas de iluminação virtual. Tornou-se assim possível, simular e melhor controlar a luz – e não apenas representá-la graficamente, como no caso dos desenhos (2D) - por meio de ferramentas especialmente desenvolvidas para esse fim e disponibilizadas nos softwares de modelagem e animação tridimensionais.

Fonte:  http://www.sbgames.org/sbgames2016/downloads/anais/157890.pdf